Como a maioria deve concordar, 2020 foi um ano catastrófico. Num mesmo ano tivemos não apenas uma pandemia, mas também uma crise política global e toda sorte de desastres, naturais ou não.
Charlie Brooker e Annabel Jones, os criadores da série distópica Black Mirror, concordam.
Apropriadamente, são eles os responsáveis por 2020 Nunca Mais (Death to 2020), um mocumentário, ou seja, um falso documentário, feito como uma sátira às retrospectivas de fim de ano e ao próprio ano de 2020, o ano que muitos já compararam com um episódio de Black Mirror.
Charlie Brooker's Screenwipe e Seus Spin-Offs
Muito antes de sua aclamada série distópica, o inglês Charlie Brooker escrevia uma coluna de humor chamada Screen Burn para o jornal The Guardian, em que ele fazia comentários ácidos sobre programas de TV.
Em 2006 ele passou a apresentar a série de TV Charlie Brooker's Screenwipe, na qual fazia resenhas de programas de TV no mesmo estilo da coluna Screen Burn. A palavra inglesa "wipe" significa "limpeza" ou "tapa", de modo que o título Screenwipe poderia ser traduzido como "Tapa na Tela".
O programa durou até 2008 e teve três spin-offs:
-Newswipe with Charlie Brooker (que foi ao ar de 2009 a 2010 e tinha como alvo as notícias);
-Charlie Brooker's Gameswipe (que teve apenas uma edição em 2009, tendo como alvo os games);
-E Charlie Brooker's Weekly Wipe (que, indo ao ar semanalmente de 2013 a 2016, misturava todos os assuntos dos programas anteriores).
Esse último teve duas edições especiais: Election Wipe (sobre as eleições gerais de 2015 no Reino Unido) e o recente Antiviral Wipe (especificamente sobre a pandemia de Covid-19).
O Charlie Brooker's Screenwipe, teve ainda alguns especiais de natal, seguidos por especiais de fim de ano intitulados Review of the Year, em que ele fazia uma retrospectiva cômica do ano corrente.
E 2020 Nunca Mais segue exatamente o estilo desses especiais Review of the Year, com a diferença de que, em vez de ser apresentado pelo próprio Charlie Brooker, tem personagens fictícios dando depoimentos sobre os eventos de 2020, todos eles interpretados por atores conhecidos.
Elenco
Entre os personagens, todos eles entrevistados pelo narrador cuja voz é de Laurence Fishburne (de Matrix), estão:
-Um repórter do jornal fictício New Yorkerly News (Samuel L. Jackson, de Pulp Fiction - Tempo de Violência);
-Um historiador (Hugh Grant, de Quatro Casamentos e um Funeral, quase irreconhecível);
-Uma psicóloga (Leslie Jones, da versão feminina dos Caça-Fantasmas);
-A Rainha da Inglaterra (a comediante britânica Tracey Ullman, do humorístico The Tracey Ullman Show, que foi onde ocorreu a estreia dos Simpsons numa série de sketches animados);
-Uma política conservadora dos EUA (Lisa Kudrow, de Friends).
-Uma típica "cidadã de bem" racista (Cristin Milioti, de How I Met Your Mother).
Humor Britânico, Foco nos EUA
Eu soube por acaso de 2020 Nunca Mais, por volta de novembro, quando estava no metrô indo fazer um exame médico na Zona Leste de São Paulo. Estava olhando para as telas de TV do metrô, e apareceu uma notícia dizendo que a Netflix estava produzindo uma comédia sobre 2020 com o título Death to 2020.
Fiquei logo curioso para ver isso, ainda mais sabendo que Charlie Brooker estaria envolvido. A princípio imaginei que fosse ser algo na linha da sátira política A Entrevista, porém com toques de Black Mirror. De qualquer forma, eu queria ver o que Brooker faria.
Só não imaginei que fosse ser um mocumentário. Isso eu descobri apenas quando achei o filme, também por acaso, já no catálogo da Netflix. Com setenta minutos de duração, o especial de fim de ano estreou na plataforma em 27 de dezembro, sem muito alarde.
Embora seja regado a um humor ácido tipicamente britânico, o especial fala principalmente de acontecimentos dos EUA, com a intenção de ser compreendido por pessoas do mundo todo. Ainda assim, não é um filme para todos.
Não é qualquer um que entende ou aprecia o humor britânico. Muita gente não acha engraçado. Talvez justamente por isso, ou talvez porque as notícias do ano de 2020 vieram com tantas piadas prontas que os humoristas não tiveram muito a acrescentar, o especial passou batido no mundo todo.
Ainda assim, com toda sua ironia, 2020 Nunca Mais me provocou risos em vários momentos, principalmente os que envolvem a personagem de Lisa Kudrow, perfeita! Cristin Milioti e Hugh Grant também estão hilários. Então, eu digo que o especial vale por seus personagens, que refletem exatamente o tipo de gente que vimos por aí em 2020. Vale muito!
Sua Vez!
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