Quando soube que Bacurau seria exibido de graça no YouTube em 18 de junho numa live com participação do elenco, numa homenagem do Telecine ao Dia do Cinema Brasileiro, logo fiquei empolgado para ver este que foi um dos filmes brasileiros mais comentados dos últimos anos e o segundo a conquistar o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, 57 anos depois de O Pagador de Promessas.
Ficção Científica Brasileira
Lançado em 2019, o filme é uma ficção científica com elementos de terror, faroeste e cangaço, ambientada num futuro próximo no pequeno vilarejo fictício de Bacurau, no sertão nordestino.
Nesse futuro, que não é muito diferente dos dias atuais, a violência é glorificada e os governantes fingem ajudar enquanto dificultam a vida dos cidadãos. E, mesmo com tudo contra eles, os habitantes de Bacurau resistem, da mesma forma que os gauleses da pequena aldeia dos quadrinhos de Asterix.
Ao contrário do que os forasteiros podem pensar, eles não são bobos, e o filme é cheio de frases e tiradas memoráveis que mostram isso.
Os Diretores
Os diretores pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles passaram mais de dez anos entre a ideia para o roteiro e a conclusão das filmagens de Bacurau. Nesse meio tempo, Kleber ficou conhecido pelo premiado curta de ficção científica Recife Frio e pelo sucesso internacional de seus longas O Som ao Redor e Aquarius, dos quais Juliano foi o diretor de arte antes de estrear na direção de longas em O Ateliê da Rua do Brum.
As Influências
Desde o início, a ideia era fazer um filme de gênero, algo incomum no cinema brasileiro. Assim, em Bacurau são nítidas as influências dos cinemas norte-americano, australiano e italiano dos anos 70 e 80, especialmente o cult Pelos Caminhos do Inferno e toda a filmografia de Sergio Corbucci, Sam Peckinpah e John Carpenter, além dos brasileiros Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha.
John Carpenter, aliás, é homenageado não apenas pelo clima de ficção científica e terror como pela própria trilha sonora (que aproveita o tema Night, composto pelo próprio Carpenter com seus indefectiveis sintetizadores para o disco Lost Themes, de 2015), e pelo nome escolhido para a escola de Bacurau: Escola Municipal Professor João Carpinteiro!
O Elenco
No elenco, há alguns atores não profissionais, escolhidos entre os moradores do município de Parelhas, no Rio Grande do Norte, onde Bacurau foi filmado, e há estrelas do porte de Sonia Braga, com quem os diretores já haviam trabalhado em Aquarius, e do alemão Udo Kier, conhecido por filmes de terror e exploitation como Sangue para Drácula e a versão original de Suspiria.
Mas o maior destaque vai para Silvero Pereira, que ficou famoso por interpretar uma drag queen na novela A Força do Querer em 2017, por sua militância LGBTQIA+ e por suas extraordinárias performances no quadro Show dos Famosos do Domingão do Faustão em 2018, em que interpretou de Steven Tyler a Édith Piaf. Em Bacurau, Silvero faz Lunga, um sanguinário cangaceiro queer.
A Importância da Cultura
Ao tratar do que se pode chamar de uma "invasão alienígena", Bacurau faz um extenso uso de violência gráfica, mas sem glorificá-la. Pelo contrário. É um lamento. Mas também é uma catarse para o público.
E o filme continua a surpreender durante os créditos, quando informa sobre a quantidade de empregos gerados na produção de Bacurau, mostrando aos atuais governantes que vetar os incentivos ao cinema brasileiro é uma estupidez, pois o cinema, além de ser fundamental do ponto de vista da cultura, inegavelmente movimenta a economia de um país. Não à toa, a importância da memória, indissociada da cultura, é um dos temas principais do filme.
Palmas para os diretores, não só pela qualidade de Bacurau, mas por persistirem no projeto! Fazer cinema no Brasil hoje é um ato de resistência.
Sua Vez!
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