Em 2014, os estúdios Universal tinham planos de lançar um universo compartilhado de filmes de ação com elementos de terror envolvendo todos os seus monstros clássicos, num ambicioso reboot que receberia o nome de Dark Universe e seguiria o exemplo do Universo Cinematográfico Marvel. A proposta seria a de dar uma nova abordagem a esses monstros, apresentando-os não como os tradicionais monstros ferozes assassinos de inocentes, mas quase como super-heróis trágicos que, por sua vez, enfrentariam outros monstros.
Drácula - A História Nunca Contada
O primeiro desses filmes seria Drácula - A História Nunca Contada (Dracula Untold, que a princípio se chamaria Dracula - Year Zero), que buscaria contar a história de origem de Drácula, ampliando o que havia sido mostrado no breve prólogo do maravilhoso Drácula de Bram Stoker, dirigido pelo mestre Francis Ford Coppola em 1992. Para o papel título foi escolhido Luke Evans, conhecido por fazer o deus Apolo no remake de Fúria de Titãs e, mais recentemente, o vilão Gaston na versão live-action de A Bela e a Fera.
Foi um fiasco. O filme é bem ruim. A trama não faz sentido, e Luke Evans não combina com o personagem de forma alguma. O vampiro mais parece um super-herói do que um monstro, o que é OK, já que era exatamente essa a proposta do filme, mas é uma proposta que foge bastante do que se espera de um filme de vampiro, e dependeria muito de uma boa execução para dar certo.
O que me chamou atenção foi apenas a breve participação de dois astros do seriado Games of Thrones, sendo um deles o ator Charles Dance, intérprete de Tywin Lannister, desta vez no papel de um mestre vampiro, e o garoto Art Parkinson, intérprete de Rickon Stark, desta vez no papel do filho de Drácula.
E não fui só eu que não gostei de Drácula - A História Nunca Contada. O filme foi mal recebido por público e crítica, e, com isso, a Universal decidiu desvinculá-lo de seu projeto de universo compartilhado, tornando-o um filme solo.
A Múmia (2017)
Apenas em 2017 é que o Dark Universe oficialmente deu as caras, com o lançamento do novo reboot de A Múmia (The Mummy) estrelado por Tom Cruise. A Múmia chegou a trazer a caprichada vinheta do tal Dark Universe em sua abertura, com música do genial Danny Elfman (responsável pela trilha de quase todos os filmes de Tim Burton).
Teve também uma participação de Russell Crowe no papel duplo de Dr. Jekyll e Sr. Hyde, como o líder de uma organização secreta multinacional chamada Prodigium, dedicada a rastrear, estudar e, se necessário, destruir monstros. Já mirando no universo compartilhado, o filme mostra o quartel general dessa organização, onde estão armazenados, entre outros itens, a mão de um gill-man, mais conhecido como o personagem título de O Monstro da Lagoa Negra, e o crânio de um vampiro.
O conceito por trás do Prodigium é até interessante, mas essa desculpa de uma organização secreta investigando monstros para unir diferentes filmes num universo compartilhado é basicamente a mesma apresentada anos antes pelo MonsterVerse, o universo compartilhado de monstros que, lançado pela concorrente Warner, está unindo King Kong a Godzilla e outros monstros gigantes da produtora japonesa Toho, obtendo muito mais sucesso do que o Dark Universe, diga-se de passagem.
Diferente de Brendan Fraser como o divertido aventureiro da versão de 1999 de A Múmia, que foi de onde veio a ideia de transformar os filmes de terror clássicos da Universal em filmes de ação, Tom Cruise não convenceu no papel do ladrão de tumbas metido a conquistador que luta para não se tornar o companheiro monstro da múmia fêmea Ahmanet (Sofia Boutella, de Kingsman - Serviço Secreto), cujo extraordinário visual é a melhor coisa do filme, mas não é suficiente para torná-lo um bom filme.
Tentando ajudar o personagem de Cruise a emplacar o filme estão uma arqueóloga loira (Annabelle Wallis, do terror Annabelle) que funciona como seu interesse amoroso, e um parceiro de crime (o comediante Jake Johnson, do seriado New Girl) que funciona como alívio cômico e acaba lembrando bastante o alívio cômico de Um Lobisomem Americano em Londres. Mas também não são suficientes.
A Múmia acabou sendo um fracasso ainda pior do que o reboot de Drácula, dando um prejuízo de 95 milhões de dólares ao estúdio e enterrando de vez os planos da companhia de continuar com o Dark Universe.
O Homem Invisível (2020)
Estavam previstos os lançamentos de um remake de O Médico e o Monstro estrelado por Russell Crowe (que reprisaria o papel vivido em A Múmia), um de O Homem Invisível com Johnny Depp, um de Frankenstein e um de A Noiva de Frankenstein com Javier Bardem no papel do Monstro e Angelina Jolie no papel de sua Noiva, um de O Lobisomem, um de O Monstro da Lagoa Negra, um de O Fantasma da Ópera e até um de O Corcunda de Notre Dame. Foram todos cancelados.
A Universal ainda pretende lançar remakes de seus filmes de terror clássicos, mas não como um universo compartilhado de blockbusters de ação, e sim como filmes de terror solo de baixo orçamento, voltando às suas origens. Inclusive, o remake de O Homem Invisível (The Invisible Man) estreou no Brasil no dia 27 de fevereiro de 2020, não com Johnny Depp, mas com o modelo Oliver Jackson-Cohen no papel título e, como sua vítima, Elisabeth Moss, a protagonista do seriado distópico The Handmaid's Tale.
A Dificuldade em Lidar com os Monstros Clássicos
Nesse meio tempo, houve ainda um remake de Frankenstein lançado pela concorrente Fox com o título Victor Frankenstein, com James McAvoy como o cientista do título e Daniel Radcliffe como seu assistente corcunda Igor, sem relação nenhuma com o Dark Universe além do fato de ter sido igualmente um fracasso de público e crítica, o que mostra que ultimamente está difícil algum estúdio adaptar com sucesso os monstros clássicos para novos filmes.
Eu pessoalmente amei o remake de 2010 de O Lobisomem, que, estrelado por Benicio Del Toro, é um legítimo terror gótico. Eu estava torcendo para a Universal lançar seu universo compartilhado de reboots de filmes de monstros clássicos a partir desse filme, seguindo a mesma vibe, como até havia sido planejado em dado momento. Mas O Lobisomem de 2010 também não obteve o sucesso esperado nas bilheterias. E o tão esperado universo compartilhado da Universal segue sem acontecer.
Ou já aconteceu? Muito antes da Marvel pensar nisso, como já mencionei numa resenha anterior, a Universal já teve um universo compartilhado nos cinemas, com seus monstros clássicos reunidos em filmes como A Casa de Frankenstein (House of Frankenstein, de 1944) e A Casa de Drácula (House of Dracula, de 1945). Embora nesses filmes não houvesse uma preocupação em desenvolver um universo coeso, não havendo uma continuidade entre um filme e outro, já havia a interação entre monstros vindos de diferentes filmes, em pitorescos crossovers.
Houve também a divertida paródia juvenil Deu a Louca nos Monstros (The Monster Squad, de 1987), em que Drácula, o Monstro de Frankenstein, o Lobisomem, a Múmia e o Monstro da Lagoa Negra são enfrentados por um grupo de crianças.
Dark Army
E, já que o Dark Universe não deu certo, pelo menos há uma chance de vermos esses monstros reunidos novamente em breve, pois aparentemente o estúdio pretende fazer algo parecido com Deu a Louca nos Monstros num filme a princípio chamado de Dark Army, a ser dirigido por Paul Feig, conhecido por comédias como o reboot feminino de Caça-Fantasmas. Será que esse vai dar certo?
Foi um fiasco. O filme é bem ruim. A trama não faz sentido, e Luke Evans não combina com o personagem de forma alguma. O vampiro mais parece um super-herói do que um monstro, o que é OK, já que era exatamente essa a proposta do filme, mas é uma proposta que foge bastante do que se espera de um filme de vampiro, e dependeria muito de uma boa execução para dar certo.
O que me chamou atenção foi apenas a breve participação de dois astros do seriado Games of Thrones, sendo um deles o ator Charles Dance, intérprete de Tywin Lannister, desta vez no papel de um mestre vampiro, e o garoto Art Parkinson, intérprete de Rickon Stark, desta vez no papel do filho de Drácula.
E não fui só eu que não gostei de Drácula - A História Nunca Contada. O filme foi mal recebido por público e crítica, e, com isso, a Universal decidiu desvinculá-lo de seu projeto de universo compartilhado, tornando-o um filme solo.
Teve também uma participação de Russell Crowe no papel duplo de Dr. Jekyll e Sr. Hyde, como o líder de uma organização secreta multinacional chamada Prodigium, dedicada a rastrear, estudar e, se necessário, destruir monstros. Já mirando no universo compartilhado, o filme mostra o quartel general dessa organização, onde estão armazenados, entre outros itens, a mão de um gill-man, mais conhecido como o personagem título de O Monstro da Lagoa Negra, e o crânio de um vampiro.
O conceito por trás do Prodigium é até interessante, mas essa desculpa de uma organização secreta investigando monstros para unir diferentes filmes num universo compartilhado é basicamente a mesma apresentada anos antes pelo MonsterVerse, o universo compartilhado de monstros que, lançado pela concorrente Warner, está unindo King Kong a Godzilla e outros monstros gigantes da produtora japonesa Toho, obtendo muito mais sucesso do que o Dark Universe, diga-se de passagem.
Diferente de Brendan Fraser como o divertido aventureiro da versão de 1999 de A Múmia, que foi de onde veio a ideia de transformar os filmes de terror clássicos da Universal em filmes de ação, Tom Cruise não convenceu no papel do ladrão de tumbas metido a conquistador que luta para não se tornar o companheiro monstro da múmia fêmea Ahmanet (Sofia Boutella, de Kingsman - Serviço Secreto), cujo extraordinário visual é a melhor coisa do filme, mas não é suficiente para torná-lo um bom filme.
Tentando ajudar o personagem de Cruise a emplacar o filme estão uma arqueóloga loira (Annabelle Wallis, do terror Annabelle) que funciona como seu interesse amoroso, e um parceiro de crime (o comediante Jake Johnson, do seriado New Girl) que funciona como alívio cômico e acaba lembrando bastante o alívio cômico de Um Lobisomem Americano em Londres. Mas também não são suficientes.
A Múmia acabou sendo um fracasso ainda pior do que o reboot de Drácula, dando um prejuízo de 95 milhões de dólares ao estúdio e enterrando de vez os planos da companhia de continuar com o Dark Universe.
A Universal ainda pretende lançar remakes de seus filmes de terror clássicos, mas não como um universo compartilhado de blockbusters de ação, e sim como filmes de terror solo de baixo orçamento, voltando às suas origens. Inclusive, o remake de O Homem Invisível (The Invisible Man) estreou no Brasil no dia 27 de fevereiro de 2020, não com Johnny Depp, mas com o modelo Oliver Jackson-Cohen no papel título e, como sua vítima, Elisabeth Moss, a protagonista do seriado distópico The Handmaid's Tale.
Nesse meio tempo, houve ainda um remake de Frankenstein lançado pela concorrente Fox com o título Victor Frankenstein, com James McAvoy como o cientista do título e Daniel Radcliffe como seu assistente corcunda Igor, sem relação nenhuma com o Dark Universe além do fato de ter sido igualmente um fracasso de público e crítica, o que mostra que ultimamente está difícil algum estúdio adaptar com sucesso os monstros clássicos para novos filmes.
Eu pessoalmente amei o remake de 2010 de O Lobisomem, que, estrelado por Benicio Del Toro, é um legítimo terror gótico. Eu estava torcendo para a Universal lançar seu universo compartilhado de reboots de filmes de monstros clássicos a partir desse filme, seguindo a mesma vibe, como até havia sido planejado em dado momento. Mas O Lobisomem de 2010 também não obteve o sucesso esperado nas bilheterias. E o tão esperado universo compartilhado da Universal segue sem acontecer.
Ou já aconteceu? Muito antes da Marvel pensar nisso, como já mencionei numa resenha anterior, a Universal já teve um universo compartilhado nos cinemas, com seus monstros clássicos reunidos em filmes como A Casa de Frankenstein (House of Frankenstein, de 1944) e A Casa de Drácula (House of Dracula, de 1945). Embora nesses filmes não houvesse uma preocupação em desenvolver um universo coeso, não havendo uma continuidade entre um filme e outro, já havia a interação entre monstros vindos de diferentes filmes, em pitorescos crossovers.
Houve também a divertida paródia juvenil Deu a Louca nos Monstros (The Monster Squad, de 1987), em que Drácula, o Monstro de Frankenstein, o Lobisomem, a Múmia e o Monstro da Lagoa Negra são enfrentados por um grupo de crianças.
E, já que o Dark Universe não deu certo, pelo menos há uma chance de vermos esses monstros reunidos novamente em breve, pois aparentemente o estúdio pretende fazer algo parecido com Deu a Louca nos Monstros num filme a princípio chamado de Dark Army, a ser dirigido por Paul Feig, conhecido por comédias como o reboot feminino de Caça-Fantasmas. Será que esse vai dar certo?
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