Especial Filmes: Os Monstros Clássicos da Universal Studios

Monstros da Universal


Aproveitando que a refilmagem do clássico O Lobisomem ainda está em cartaz, resolvi fazer um post abordando os monstros clássicos da Universal Studios. Será o primeiro de uma série de posts sobre monstros do cinema.

Os Precursores

A história do cinema de horror tem início já nos primórdios da sétima arte com algumas experiências do mágico francês Georges Méliès, pioneiro dos efeitos especiais. Seu curta Le Manoir du Diable (1896) é considerado o primeiro filme de terror, enquanto seu Le Chaudron Infernal (1903) pode ser considerado o primeiro filme de terror colorido (numa técnica que consistia em pintar à mão imagem por imagem), décadas antes do cinema em cores se tornar comum.

O inventor Thomas Edison, por sua vez, produz a primeira adaptação de Frankenstein (1910), com Charles Ogle no papel do Monstro. A Universal é fundada em 1912 na Califórnia pelo imigrante alemão Carl Laemmle e oito sócios, com o nome Universal Film Manufacturing Company, mais tarde mudado para Universal-International Pictures Inc. e, por último, para o atual Universal Pictures. O primeiro filme de horror do estúdio é uma das várias adaptações do livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, do escritor Robert Louis Stevenson) produzidas na época, dirigida por Herbert Brenon, estrelada por King Baggot e lançada em 1913.

Na Alemanha, o diretor Paul Wegener logo faz duas importantes incursões no gênero horror, O Estudante de Praga (Der Student Von Prag, 1913, refilmado em 1926 pelo mesmo diretor) e O Golem (Der Golem, 1915), mas o gênero só toma forma, de fato, com o cinema expressionista alemão, inaugurado com O Gabinete do Dr. Caligari (Das Kabinett des Doktor Caligari, Robert Wiene, 1919), tão influente que muitas vezes chega a ser creditado como o primeiro filme de horror legítimo.

Lon Chaney, O Homem das Mil Faces

O Fantasma da Ópera
É nessa atmosfera que os estúdios Universal começam a se especializar nos filmes de horror, começando por suas célebres adaptações, ainda mudas, de O Corcunda de Notre Dame (The Hunchback of Notre Dame, Wallace Worsley , 1923, da obra de Victor Hugo) e O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera, Rupert Julian, 1925, do romance de Gaston Leroux) estreladas por Lon Chaney.

Conhecido como O Homem das Mil Faces por sua habilidade de se transformar através da maquiagem, Lon Chaney se torna a primeira lenda do cinema de horror, atuando inclusive no primeiro longa-metragem norte-americano sobre vampirismo, London After Midnight (que, dirigido por Tod Browning para a MGM em 1927, se torna também o mais famoso filme desaparecido da história do cinema).

Ele e o diretor são escolhidos pela Universal para a primeira adaptação oficial de Drácula, mas, com a morte precoce do ator por câncer na garganta, o húngaro Bela Lugosi, que já havia interpretado o papel título no teatro, é chamado para substituí-lo. É quando tem início a era de ouro dos filmes de horror da Universal.

Os Sete Monstros Mais Icônicos

Muita gente não sabe, mas a onda de fazer várias continuações de filmes de terror de sucesso e até juntar monstros de séries diferentes num mesmo filme não começa com Jason e Freddy. Começa bem antes, com os monstros clássicos da Universal. São sete os monstros mais icônicos:

Drácula
1. Drácula: O primeiro filme de terror falado da Universal, Drácula (Dracula, 1931), é fortemente influenciado não apenas pela adaptação teatral da obra de Bram Stoker sobre um vampiro aristocrata (lançada na Inglaterra em 1924 por Hamilton Deane e revisada por John L. Balderston em 1927 para a Broadway), mas também pelo filme expressionista Nosferatu - Uma Sinfonia do Horror (Nosferatu - Eine Symphonie des Grauens, F. W. Murnau, 1922, uma adaptação não-oficial do mesmo livro).

É rodado simultaneamente com uma versão espanhola do filme (Dracula), dirigida por George Melford com Carlos Villarías imitando a performance de Bela Lugosi, pois no início do cinema falado é comum os estúdios produzirem, para exportação, versões em línguas estrangeiras de seus filmes, usando os mesmos cenários e até figurinos. Rodada durante a noite enquanto a versão de Tod Browning é rodada de dia, a versão espanhola acaba tendo alguns minutos a mais, sendo hoje considerada até melhor do que a outra, pois, observando as filmagens diurnas, sua equipe consegue melhorar certos detalhes como iluminação e ângulos.

Em 1936, Drácula recebe uma continuação, A Filha de Drácula (Dracula's Daughter), que a princípio seria dirigida pelo genial James Whale, mas acaba sendo entregue a Lambert Hillyer porque o tom surrealista que o outro diretor pretendia dar à história não agrada ao estúdio. Gloria Holden é quem faz a Condessa Marya Zaleska, como é chamada a personagem título.

A trilogia é encerrada em 1943 com O Filho de Drácula (Son of Dracula), dirigido por Robert Siodmak com Lon Chaney Jr. (filho de Lon Chaney) como o Conde Alucard, que se apresenta como o filho do célebre vampiro.

A Noiva de Frankenstein
2 e 3. Monstro de Frankenstein e Noiva de Frankenstein: Com o sucesso de Drácula, o produtor Carl Laemmle Jr. (filho de Carl Laemmle) lança, no mesmo ano, uma adaptação da obra de Mary Shelley sobre um monstro sem nome criado a partir de pedaços de cadáveres por um cientista aristocrata, o Dr. Victor Frankenstein.

Dirigido por James Whale (que substituiu Robert Florey), Frankenstein traz Colin Clive no papel do cientista louco arquetípico, que no filme se chama Henry, e não Victor como no livro, e Boris Karloff como o Monstro, que originalmente teria sido interpretado por Bela Lugosi com uma maquiagem muito semelhante à da criatura apresentada no expressionista O Golem - Como Ele Veio ao Mundo (Der Golem - Wie Er In Die Welt Kam, 1920, uma prequel do filme rodado em 1915 pelo mesmo diretor, Paul Wegener). Ao mudar a aparência do Monstro, o maquiador Jack Pierce termina por criar a mais notável maquiagem da história do cinema de horror.

Em 1935, o mesmo diretor e elenco principal retornam em A Noiva de Frankenstein (Bride of Frankenstein), hoje considerado o melhor de todos os filmes de terror da Universal, sendo basicamente uma adaptação de um trecho do livro de Mary Shelley que não havia entrado no primeiro longa. Nesse trecho, o Monstro demanda ao cientista que lhe faça uma noiva. Elsa Lanchester interpreta a personagem título, que, embora tenha se tornado muito conhecida, aparece apenas neste filme do estúdio, e Ernest Thesiger vive o Dr. Septimus Pretorius, formando com Colin Clive a dupla de cientistas loucos que seria parodiada muitos anos depois na comédia adolescente Mulher Nota Mil (Weird Science, John Hughes, 1985). De tão importante para o gênero, até o diretor James Whale é homenageado, em 1998, num filme chamado Deuses e Monstros (Gods and Monsters, Bill Condon), em que é interpretado por Ian McKellen.

Em 1939 é lançado O Filho de Frankenstein (Son of Frankenstein), dirigido por Rowland V. Lee com Basil Rathbone interpretando um novo cientista louco, Dr. Wolf von Frankenstein, herdeiro da vila de seu pai, o Dr. Henry Frankenstein, identificado nos filmes como um barão.

A série termina com O Fantasma de Frankenstein (Ghost of Frankenstein, Erle C. Kenton, 1942), em que Lon Chaney Jr. substitui Boris Karloff como o Monstro e Cedric Hardwicke interpreta outro cientista louco, Dr. Ludwig Frankenstein, o segundo filho do Dr. Henry Frankenstein. Desta vez vivido também por Cedric Hardwicke, o pai de Ludwig aparece no filme como um fantasma lhe dando um conselho, o que justifica o título.

Nestas duas últimas continuações aparece ainda o célebre personagem Ygor (interpretado pelo já lendário Bela Lugosi), que em paródias como O Jovem Frankenstein (Young Frankenstein, Mel Brooks, 1974) é sempre citado como o ajudante corcunda do cientista louco, embora não possua de fato uma corcunda, mas sim um pescoço quebrado. O ajudante corcunda do Dr. Henry Frankenstein na verdade é Fritz, interpretado no primeiro filme da série por Dwight Frye, que, vindo de um papel semelhante em Drácula, também aparece em A Noiva de Frankenstein como Karl, um dos ajudantes do Dr. Septimus Pretorius. Embora seja sempre citado (quase sempre com o nome de Ygor ou Igor), o corcunda Fritz não é um personagem original do livro, e sim de uma adaptação teatral inglesa de 1823, Presumption or the Fate of Frankenstein, de Richard Brinsley Peake.

A Múmia
4. Múmia: Dirigido por Karl Freund em 1932 com o já lendário Boris Karloff no papel título, A Múmia (The Mummy) conta a história da ressurreição acidental do sacerdote egício Imhotep por obra de um grupo de arqueólogos. A Múmia passa então a procurar pela reencarnação de sua antiga amante, a princesa Ankh-es-en-amon.

O roteiro é uma criação original de John L. Balderston, que, sob encomenda do produtor Carl Laemmle Jr., se inspira na abertura da tumba de Tutancâmon em 1922 e na maldição dos faraós para dar origem a um novo monstro do estúdio, tarefa em que novamente é inestimável a contribuição do maquiador Jack Pierce.

Em vez de ser continuada, entretanto, a história é praticamente refilmada no exemplar seguinte da série, A Mão da Múmia (Mummy's Hand, Christy Cabanne, 1940). Desta vez uma nova Múmia, Kharis, é interpretada por Tom Tyler.

O novo ator, por sua vez, é substituído também por Lon Chaney Jr. (que já estava começando a se especializar em substituir outros atores em continuações de filmes célebres de terror) nas sequências A Tumba da Múmia (Mummy's Tomb, Harold Young, 1942), O Fantasma da Múmia (Mummy's Ghost, Reginald Le Borg, 1943) e A Praga da Múmia (Mummy's Curse, Leslie Goodwins, 1944).

Uma curiosidade sobre esta série é que A Mão da Múmia é ambientado no ano em que o filme foi feito, mas, entre cada um dos filmes seguintes, se passam respectivamente trinta, cinco e vinte anos, de modo que, fazendo as contas, vemos que a história terminaria por volta do ano 2000!

O Homem Invisível
5. Homem Invisível: Baseado na obra de H. G. Wells, O Homem Invisível (The Invisible Man, James Whale, 1933) traz Claude Rains no papel de mais um célebre cientista louco, o Dr. Jack Griffin. Dá origem a uma série de filmes muito mais inventiva e variada do que as séries dos outros monstros, pois cada novo filme pertence a um gênero diferente do anterior.

A Volta do Homem Invisível (The Invisible Man Returns, Joe May, 1940), também conhecido como O Retorno do Homem Invisível, é o único que continua a história do primeiro sendo também um filme de terror, com um ator que mais tarde se tornaria outra lenda do gênero, Vincent Price, interpretando um novo Homem Invisível, levado a essa condição por obra do irmão do Dr. Jack Griffin.

Ainda em 1940 é lançada a comédia A Mulher Invisível (The Invisible Woman, A. Edward Sutherland), cujo enredo não tem ligação com o resto da série exceto pelo tema da invisibilidade, com Virginia Bruce no papel título.

Em seguida é lançado o filme de espionagem O Agente Invisível (Invisible Agent, Edwin L. Marin, 1942), também conhecido como O Agente Invisível Contra a Gestapo ou O Homem Invisível Contra a Gestapo, que retoma a história do primeiro filme pelo fato do personagem título, vivido por Jon Hall, ser neto do Dr. Jack Griffin.

Por último vem A Vingança do Homem Invisível (The Invisible Man's Revenge, Ford Beebe, 1944), que retorna ao gênero horror trazendo novamente Jon Hall como Homem Invisível mas, desta vez, com John Carradine como um novo cientista louco.

O Lobisomem
6. Lobisomem: A série de filmes de lobisomem da Universal tem início com O Lobisomem de Londres (Werewolf of London, Stuart Walker, 1935), com Henry Hull no papel título, mas o filme não chega a fazer sucesso.

O verdadeiro marco é O Lobisomem (The Wolf Man, George Waggner, de 1941), que, com roteiro original de Curt Siodmak, faz de Lon Chaney Jr. uma lenda como seu pai, no papel do trágico Larry Talbot, um bom homem marcado pela maldição de ser um lobisomem.

Sempre interpretado pelo mesmo ator, o personagem retorna em Frankenstein Encontra o Lobisomem (Frankenstein Meets the Wolf Man, Roy William Neill, 1943), que ao mesmo tempo continua a história de O Fantasma de Frankenstein, dando início à era dos encontros entre monstros da Universal. Lon Chaney Jr. chega a ser cogitado para interpretar no mesmo filme o Lobisomem e o Monstro de Frankenstein, pois ambos os papéis haviam sido dele nos filmes anteriores, mas ele se recusa a fazer papel duplo e é Bela Lugosi quem vive o Monstro desta vez.

Ambos os personagens se reencontram em A Casa de Frankenstein (House of Frankenstein, Erle C. Kenton, 1944), anunciado como um crossover de cinco monstros: o Monstro de Frankenstein, o Lobisomem, Drácula, o Corcunda e o Cientista Louco. É claro que um corcunda não é realmente um monstro, e sim um ser humano com uma deformidade, da mesma forma como um cientista é um ser humano como qualquer outro, independente de ser ou não louco, mas, na tradição dos clássicos de horror gótico da Universal, ambos são apresentados como monstros. Curiosamente, Boris Karloff, que havia ficado famoso por sua interpretação do Monstro de Frankenstein, desta vez vive o Cientista Louco (o Dr. Gustav Niemann), que tem como seu assistente o tal Corcunda (Daniel, vivido por J. Carrol Naish). Glenn Strange é quem assume o papel do Monstro de Frankenstein, enquanto John Carradine aparece como Drácula, numa história sem qualquer ligação com nenhum dos filmes anteriores.

Carradine, Strange e Chaney Jr. logo retornam aos personagens em A Casa de Drácula (House of Dracula, mesmo diretor, 1945), sequência direta do filme anterior, anunciada também como um crossover de cinco monstros, incluindo um outro Cientista Louco (o Dr. Franz Edelmann, vivido por Onslow Stevens) e desta vez uma mulher como sua assistente Corcunda (Nina, vivida por Jane Adams). É o último filme em que esses personagens são retratados pela Universal nesta fase.

Mas, antes que a fase se encerre, o estúdio ainda produz A Mulher-Lobo de Londres (She-Wolf of London, Jean Yarbrough, 1946), com June Lockhart no papel título, numa história de lobisomem que, apesar do nome, não tem ligação com O Lobisomem de Londres nem com qualquer dos outros filmes da série.

O Monstro da Lagoa Negra
7. Monstro da Lagoa Negra: Em 1954, quase dez anos após os outros monstros clássicos da Universal terem se tornado ultrapassados, o estúdio consegue emplacar um novo monstro, o Gill-man, uma criatura anfíbia, espécie de elo perdido entre seres marinhos e terrestres, encontrado na Amazônia durante uma expedição de geólogos no filme O Monstro da Lagoa Negra (Creature from the Black Lagoon, Jack Arnold, 1954), baseado num roteiro original de Maurice Zimm, Harry Essex e Arthur A. Ross.

É a era do horror atômico no cinema, uma era em que os maiores medos da humanidade estão ligados à guerra fria e à ameaça de uma catástrofe nuclear. Os monstros que mais assustam o público, então, são extraterrestres e mutantes, e a história do Gill-man, de fundo ecológico, atinge em cheio esse público.

O mesmo diretor realiza a sequência A Revanche do Monstro (Revenge of the Creature, 1955), e o diretor John Sherwood encerra a trilogia com O Monstro Caminha Entre Nós (The Creature Walks Among Us, 1956).

Os dois primeiros filmes são lançados originalmente em 3D, um recurso que se torna popular na época, num esforço para trazer de volta ao cinema as platéias que já preferem ver filmes na TV. Ricou Browning interpreta o Monstro da Lagoa Negra nas cenas aquáticas dos três filmes, enquanto nas cenas terrestres a criatura é vivida primeiro por Ben Chapman, depois por Tom Hennesy e, finalmente, por Don Megowan.

O Musical de Terror

Famous Monsters of Filmland
Dos filmes pertencentes ao ciclo conhecido como Universal Horror, todos os citados acima estrelados pelos sete monstros mais icônicos do estúdio são reunidos em 1999, juntamente com a primeira versão falada de O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera, Arthur Lubin, 1943), numa série de DVDs denominada Classic Monster Collection (relançada em 2004 sob o título Legacy Collection). Destes, todos são lançados também no Brasil em 2004, em boxes especiais, com exceção dos filmes da Múmia, do Homem Invisível e do Monstro da Lagoa Negra, cujas continuações permanecem inéditas em DVD no país.

A versão de O Fantasma da Ópera incluída na coleção destoa dos demais não apenas por não ter a mesma importância (a versão de 1925, cujo cenário é inclusive aproveitado nas filmagens desta, seria mais adequada), mas também por ser o único filme colorido do grupo. Estrelada por Claude Rains, esta versão une o gênero horror ao musical, sendo precursora da famosa peça da Broadway lançada em 1986 por Andrew Lloyd Webber, que mais tarde origina o musical cinematográfico O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera, Joel Schumacher, 2004), da Warner.

As Paródias de Abott e Costello

Abbott e Costello Encontram Frankenstein
Mas os monstros mais icônicos da Universal não encerram suas aparições cinematográficas aí. Em 1948, Drácula, o Monstro de Frankenstein e o Lobisomem, vividos respectivamete por Bela Lugosi, Glenn Strange e Lon Chaney Jr., são reunidos em Abbott e Costello Encontram Frankenstein (Abbott and Costello Meet Frankenstein, Charles Barton, 1948), a primeira de uma série de paródias produzidas pelo estúdio, onde os comediantes Bud Abbott e Lou Costello enfrentam monstros famosos.

O mesmo diretor continua a série com Abbott e Costello Frente a Frente com Assassinos (Abbott and Costello Meet the Killer, Boris Karloff, 1949), em que a presença de Boris Karloff no papel de um assassino é destacada já no título original, e Charles Lamont assume a direção nos filmes seguintes.

Já em Abott e Costello Encontram o Homem Invisível (Abbott and Costello Meet the Invisible Man, 1951), Arthur Franz vive um assaltante que ganha invisibilidade.

Em Abott e Costello Encontram Dr. Jekyll e Mr. Hyde (Abbott and Costello Meet Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1953), Boris Karloff retorna à série como o célebre vilão do título.

E, finalmente, Abbott e Costello Enfrentam a Múmia (Abbott e Costello Meet the Mummy, 1955), também conhecido como Abbott e Costello Caçando Múmia no Egito, torna-se a última das 28 comédias da dupla produzidas pela Universal, trazendo Eddie Parker como a Múmia, aqui denominada Klaris.

O Relançamento dos Filmes Clássicos

Embora esses monstros já tivessem se tornado motivo de piada, o sucesso de O Monstro da Lagoa Negra nos anos 50 inicia um revival do chamado Universal Horror, com o relançamento de todos os principais filmes do ciclo nos cinemas e, logo, uma avalanche de produtos relacionados, incluindo brinquedos e a revista Famous Monsters of Filmland, a primeira publicação dedicada a filmes de terror.

Com seu visual característico, os monstros da Universal se tornam tão populares que inspiram até uma sitcom, Os Monstros (The Munsters), lançada em 1964 pela CBS, que dá continuidade à tradição cômica de Abott e Costello apresentando uma família formada literalmente por monstros.

As Refilmagens da Hammer

Drácula Christopher Lee
O revival pelas mãos da Universal não dura muito, no entanto. De 1957 até meados dos anos 70, a produtora que verdadeiramente reina nesse gênero é a inglesa Hammer, que faz sua própria versão dos monstros mais icônicos da Universal, com uma vantagem: os filmes passam a ser sempre coloridos, com sangue bem vermelho!

É quando atores como Christopher Lee e Peter Cushing entram para a galeria de lendas do gênero interpretando os famosos monstros e seus antagonistas. Os filmes da produtora são marcados por sua ambientação de época, em oposição à sua principal concorrente, a também inglesa Amicus, que aproveita os mesmos atores e diretores da Hammer, mas geralmente em histórias ambientadas no presente.

Entre os principais filmes da Hammer estão A Maldição de Frankenstein (The Curse of Frankenstein, 1957), Horror de Drácula (Horror of Dracula, 1958) e A Múmia (The Mummy, 1959, em que a múmia se chama Kharis como a de A Mão da Múmia), os três com Christopher Lee vivendo os personagens título, além de A Maldição do Lobisomem (The Curse of the Werewolf, 1961), com Oliver Reed, e O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera, 1962), com Herbert Lom, todos esses dirigidos por Terence Fisher.

Outro destaque é a trilogia sobre a vampira Carmilla, que tem início com Carmilla - A Vampira de Karnstein (The Vampire Lovers, Roy Ward Baker, 1970, do livro de Sheridan Le Fanu), estrelado pela musa Ingrid Pitt.

A princípio, a Universal até ameaça processar a Hammer caso o visual do Monstro de Frankenstein em seus filmes lembre aquele criado por Jack Pierce, pois, embora os personagens já sejam de domínio público, o visual não é, mas logo muitos dos filmes produzidos pela Hammer passam a ser distribuídos nos EUA pela própria Universal.

A Comédia de Terror

Apenas em 1979 a Universal volta a trabalhar diretamente com um de seus monstros mais icônicos, produzindo uma refilmagem de Drácula dirigida por John Badham, com Frank Langella no papel do vampiro. Mas o filme não faz sucesso.

Em vez disso, no mesmo ano, o que faz sucesso é a paródia Amor à Primeira Mordida (Love at First Bite, Stan Dragoti), da AIP, em que George Hamilton interpreta Drácula. Desde então, durante uma década inteira, a tendência são as comédias de terror.

A Columbia até tenta um revival a sério dos monstros com A Prometida (The Bride, Franc Roddam, 1985), em que o foco é a Noiva de Frankenstein, desta vez chamada de Eva e vivida por Jennifer Beals, mas é outro que não faz sucesso, mesmo tendo Sting como o Dr. Frankenstein (aqui chamado de Charles, e não de Victor ou Henry).

O destaque é a comédia de terror juvenil Deu a Louca nos Monstros (The Monster Squad, 1987), dirigida por Fred Dekker para a TriStar (que mais tarde se une à Columbia formando a Columbia TriStar e atualmente é parte da Sony). Hoje visto como cult, o filme traz todos os monstros mais icônicos da Universal, exceto a Noiva de Frankenstein e o Homem Invisível, numa grande homenagem.

As Adaptações Mais Fiéis aos Livros

O próximo revival dos monstros clássicos do estúdio ocorre somente nos anos 90, mas não pela Universal, e sim pela dupla de estúdios Columbia e TriStar, quando Francis Ford Coppola dirige Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker's Dracula, 1992) para a Columbia, com Gary Oldman como o vampiro, e produz Frankenstein de Mary Shelley (Mary Shelley's Frankenstein, 1994) para a TriStar, com Robert De Niro como a criatura e o próprio diretor Kenneth Branagh como o cientista.

A proposta de ambos os filmes é serem adaptações fiéis aos livros, ao contrário das versões produzidas pela Universal. E, de fato, são as adaptações mais fiéis até hoje.

Para completar o revival, a Columbia ainda produz um filme de lobisomem, Lobo (Wolf, Mike Nichols, 1994), com Jack Nicholson no papel.

A Aventura de Terror

A Múmia 1999
Finalmente, em 1999 Stephen Sommers dirige para a Universal o remake A Múmia (The Mummy), com Arnold Vosloo no papel da múmia Imhotep e Brendan Fraser como o herói, dando uma visão totalmente nova ao clássico de terror, cujo enredo se torna a base para uma aventura no estilo Indiana Jones.

O mesmo diretor realiza a sequência O Retorno da Múmia (The Mummy Returns, 2001) e produz A Múmia - Tumba do Imperador Dragão (The Mummy - Tomb of the Dragon Emperor, Rob Cohen, 2008), que traz Jet Li como vilão, além da prequel O Escorpião Rei (The Scorpion King, Chuck Russell, 2002), cujo personagem título é vivido por Dwayne Johnson.

Os quatro filmes são repletos de efeitos especiais gerados por computação gráfica, e inspiram inclusive a criação de uma montanha-russa, Revenge of the Mummy, no parque temático da Universal na Flórida (onde também existe, aliás, um show de rock estrelado pelos monstros clássicos do estúdio, Beetlejuice's Graveyard Review, e, refletindo a especialização do estúdio em filmes de terror, um evento anual de Halloween conhecido como Halloween Horror Nights, que no Brasil influencia os eventos Noites do Terror do Playcenter e Hora do Horror do Hopi Hari).

O estúdio, satisfeito, permite que Stephen Sommers faça com Drácula, o Monstro de Frankenstein e o Lobisomem o mesmo que fez com a Múmia, o que resulta em Van Helsing - O Caçador de Monstros (Van Helsing, 2004). Os monstros são vividos por Richard Roxburgh, Shuler Hensley e Will Kemp, respectivamente, enquanto o herói é interpretado por Hugh Jackman. Mas desta vez o diretor não agrada como antes.

A Volta às Origens

É assim que o estúdio decide voltar às origens com o novo remake O Lobisomem (The Wolfman, Joe Johnston, 2010), um autêntico filme de terror no estilo clássico. Benicio del Toro vive o Lobisomem desta vez, com maquiagem do mestre Rick Baker, que, não por acaso, já havia trabalhado na comédia de terror Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, John Landis, 1981, outro clássico da Universal que, apesar do nome, não tem ligação com os demais filmes de lobisomens londrinos do estúdio).

E, se os planos da Universal derem certo, logo virão as refilmagens de O Monstro da Lagoa Negra, O Homem Invisível e A Noiva de Frankenstein, além de uma nova versão de Drácula num filme por enquanto denominado Dracula - Year Zero...

O Lobisomem 2010

Sua Vez!

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PS: Este texto ganhou uma continuação em ocasião dos dez anos do blog.

Comentários

  1. Ótimo post! Parabéns mesmo!

    Como um viciado em filmes de terror, adorei o post por ser meticuloso e por não deixar passar nenhum detalhe (apesar que, consequentemente, continuo amando os clássicos mais do que as refilmagens xD).

    Belo trabalho você fez no seu blog.

    Abraços ^^

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    Respostas
    1. Fico bem feliz por você ter gostado! Valeu! O blog ficou parado por um tempo, mas está de volta, e já estou escrevendo novos posts nessa linha. Abraços! :D

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