O grande vencedor do Oscar 2020, surpreendentemente, foi um filme não falado em inglês, pela primeira vez na história! O sul-coreano Parasita (Gisaengchung) foi o ganhador dos prêmios de Melhor Diretor, Roteiro Original, Filme Internacional e, o mais importante, Melhor Filme, coroando o centenário do cinema coreano, que foi justamente em 2019, ano de produção do filme.
Parasita é ao mesmo tempo uma comédia de humor negro, um suspense e um drama, e é excepcional em cada um desses gêneros, provocando risos em seus momentos cômicos, uma tensão arrepiante nos de suspense e um genuíno compadecimento pelos personagens nos momentos dramáticos.
Funciona como uma sátira ao conflito de classes que aflige não só a Coreia do Sul, mas o mundo todo, em maior ou menor grau. Daí vem o caráter universal do enredo, tanto que foi capaz de conquistar plateias do mundo todo, chegando a ganhar por voto unânime a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
A trama é uma das mais imprevisíveis dos últimos tempos, mostrando, sem maniqueísmo, que, enquanto os pobres podem ser parasitas dos ricos, vivendo das sobras de suas riquezas, os ricos, por sua vez, são parasitas dos pobres, vivendo do trabalho destes.
O filme foi identificado como um reflexo do capitalismo moderno e um demonstrativo do significado do termo Inferno Joseon (Hell Joseon), usado entre os jovens sul-coreanos para descrever de forma crítica a realidade socioeconômica de seu país, com sérias desigualdades sociais, desemprego e más condições de trabalho (o que me lembra muito o próprio Brasil, infelizmente), numa comparação do momento atual da Coreia do Sul com a Dinastia Joseon, que foi o período em que as hierarquias confucionistas se consolidaram na Coreia e o sistema feudal definia quem comandava.
O diretor de Parasita, Bong Joon-ho, já era conhecido por misturar gêneros diversos como drama, comédia, fantasia, terror e ficção científica em filmes como O Hospedeiro (de 2006), Expresso do Amanhã (de 2013, baseado numa graphic novel francesa) e Okja (de 2017, produzido pela Netflix).
Ele já declarou que entre suas maiores influências estão Martin Scorsese (cujo filme O Irlandês concorreu com Parasita ao Oscar de Melhor Filme), Alfred Hitchcock (de Psicose) e, curiosamente, o brasileiro Glauber Rocha (de Deus E o Diabo na Terra do Sol, segundo ele um de seus filmes favoritos).
Desconfio que esse diretor vai estar em grande evidência nos próximos anos, e merece que esteja!
E você, já viu Parasita? Gosta desse tipo de filme? Já conhecia o cinema coreano? Quero saber sua opinião!
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